Entre o Altar e a Nação: Uma Semana de Fé, Poder e Despedidas em Belém ________________________
Belém do Pará viveu, nos últimos dias, uma verdadeira travessia espiritual e histórica. Uma semana que sacudiu não apenas as copas das árvores centenárias da floresta, mas também os alicerces das nossas igrejas, da política nacional e dos corações que ainda batem entre o sagrado e o profano.
Na última sexta-feira, 18 de junho, um marco político e litúrgico foi selado com uma cerimônia de rara grandiosidade: a posse do Excelentíssimo Senhor Presidente da República, Sr. Rock, e de seu Vice, Sr. Edd1e. Em tempos onde a democracia muitas vezes se vê ameaçada, o que se viu em Belém foi um abraço solene entre o Palácio e o Púlpito. A política ajoelhou-se diante da fé, e a fé abençoou o novo ciclo da nação.
O Presidente escolheu não a pompa dos palácios de mármore, mas a singeleza da Capela de Nossa Senhora dos Navegantes, entre os ribeirinhos da tribo Kaxinawá, para receber uma bênção privada. Era como se ele dissesse: "Meu mandato começa onde o povo mais simples clama por justiça e cuidado." Ali, entre o perfume do incenso e a cantoria dos pássaros, a comitiva presidencial, acompanhada por ministros do Supremo, se preparou espiritualmente para a missão que lhes cabe: servir o Brasil.
A seguir, a Catedral de Belém tornou-se o cenário de uma Missa Solene digna dos tempos apostólicos. Corredores apinhados, bancos disputados, fiéis emocionados. A Igreja, como em Pentecostes, pulsava em línguas diferentes, mas unidas por um mesmo espírito: o espírito da esperança democrática. Era como se os sinos repicando anunciassem ao céu: "O povo escolheu, e a fé consagrou!"
Mas como bem sabemos, e a própria doutrina cristã nos lembra, a alegria nunca caminha sozinha. O domingo amanheceu com uma dor que fez estremecer não só Belém, mas todo o país: a morte da cantora Preta Gil. Mulher de fé, guerreira de causas, e expressão viva da dignidade que nasce da alegria. Sua Missa de corpo presente, celebrada na Capela de São Jorge, foi um ato de amor e reconhecimento. Ali, a liturgia encontrou o samba, a lágrima abraçou o riso, e o altar se fez palco da eternidade.
Em meio ao luto, a Providência acendeu outra luz: a criação cardinalícia de Dom Tommy, arcebispo de Belém. Um momento alto da semana, que parecia dizer: “Mesmo diante da morte, a Igreja vive.” A praça em frente à Catedral se encheu de leques coloridos e vozes jubilosas. Ao lado dele, Dom Idalécio, novo cardeal de São Paulo, recebia junto os aplausos de um Brasil que agora vê dois novos Príncipes da Igreja vestindo o vermelho do martírio com o sorriso da missão.
E como se a semana pedisse um ponto final dramático, veio a inesperada partida de Ozzy Osbourne, o eterno Príncipe das Trevas. Mas até ele, roqueiro, ícone, controverso, encontrou abrigo e oração na Capela de São Francisco. Uma Missa de Réquiem que misturou guitarras silenciosas com cantos gregorianos. Multidões prestaram sua última homenagem, e a procissão pelas ruas de Tabosa foi um ritual quase medieval, em pleno século XXI.
E assim foi essa semana em Belém: uma Via Sacra moderna, com estações de júbilo, de dor e de redenção. A posse de um presidente, a elevação de um cardeal, e os funerais de duas estrelas, Preta e Ozzy, tudo isso entrelaçado por orações, cantos e silêncios profundos.
Como dizia São João Paulo II, “a fé nos leva a compreender que tudo está ligado.” E talvez seja isso que aprendemos nestes dias: a política precisa de oração, a fama precisa de humildade, e a morte, essa sim, nos lembra que todos somos peregrinos, apenas de passagem, rumo à morada eterna.
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