“Esta palavra está bem ao teu alcance, está em tua boca e em teu coração, para que a possas cumprir.” (Deuteronômio 30,14)
Estimados irmãos e irmãs em Cristo, minha saudação Franciscana de Paz e Bem!
Hoje, as leituras nos convidam a refletir sobre a proximidade da Palavra de Deus, o amor que devemos praticar e a grandeza da presença de Cristo em nossas vidas.
Na primeira leitura, Moisés nos lembra que a Lei do Senhor não está distante, nem inacessível. Muitas vezes, podemos pensar que seguir a vontade de Deus é algo impossível ou muito difícil, que Deus está “lá no céu” ou “do outro lado do mar” e que não temos a força nem o conhecimento para obedecer. Mas Moisés nos assegura que a Palavra está “na tua boca e em teu coração”, para que possamos cumpri-la. Ou seja, Deus nos deu tudo o que precisamos para viver segundo o Seu mandamento. Essa Palavra é vida e não um fardo pesado, pois ela está próxima de nós, no nosso coração, no nosso dia a dia.
No Evangelho de hoje, Jesus reafirma essa simplicidade do mandamento do amor. Ao ser perguntado sobre o que fazer para obter a vida eterna, Ele cita as palavras do próprio Deus: amar a Deus com todo o coração, alma, força e inteligência, e amar o próximo como a si mesmo. Mas o “próximo” não é apenas alguém conhecido ou que nos agrada. O que Jesus nos mostra, na parábola do Bom Samaritano, é que o amor ao próximo se traduz em atos concretos de misericórdia para com todos, mesmo aqueles considerados inimigos ou estrangeiros.
O samaritano, homem desprezado pelos judeus, é o verdadeiro exemplo de quem vive o amor. Ele não se deixa levar por preconceitos, não mede esforços para socorrer alguém em necessidade, mesmo gastando seu tempo, recursos e arriscando-se. Jesus nos chama a ser assim: verdadeiros discípulos que vivem a fé na prática, que se colocam a serviço do irmão sofredor.
Por fim, a segunda leitura, de São Paulo aos Colossenses, eleva ainda mais nosso olhar para Cristo, que é a imagem do Deus invisível, o criador e sustentador de todas as coisas. Em Jesus, Deus se faz presente no meio de nós, oferecendo a reconciliação e a paz, especialmente por meio do sangue derramado na cruz. É Ele quem nos capacita a amar e a praticar a misericórdia. Sem Ele, não conseguiríamos viver esse amor de modo autêntico.
Irmãos e irmãs, vivemos tempos desafiadores. A Igreja, Corpo de Cristo, tem passado por tempestades internas e externas, que testam nossa fé, nossa unidade e nosso compromisso com o Evangelho. Mas a Palavra que hoje ouvimos nos assegura que o caminho do Senhor não está longe, não está no céu inalcançável, nem do outro lado do mar. Ele está bem próximo, em nosso coração, em nossa boca, para que possamos perseverar.
Essa fidelidade à Palavra, esse amor perseverante a Deus e ao próximo, é o que nos sustenta mesmo nas horas difíceis. É o que nos faz ser, como o Bom Samaritano, sal da terra e luz no mundo. Que possamos continuar firmes, alimentados por Cristo que nos dá força e esperança, para sermos sinais vivos de Sua misericórdia e paz em meio às tempestades do nosso tempo.
Dado no Capão Grande, Tabosa, aos XIII dias do mês de julho do ano da Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo de MMXXV.
+Cardeal Araújo
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